Coração denunciador
A boca fala do que está cheio o
coração. [Mateus 12:34]
Falar é o mais espiritual dos atos
humanos
Nossas palavras nos julgam e nos
condenam
A nudez da alma, a maldade e a
bondade
A apatia espiritual e a dureza do
coração
Tudo se manifesta nas palavras que a
boca fala
Estamos condenados a falar e prestar conta
De tudo aquilo que encanta
Seduz e enche o nosso coração
Sim, para o bem e para o mal
Estamos condenados a falar e prestar conta
De tudo aquilo que encanta
Seduz e enche o nosso coração
Sim, para o bem e para o mal
Pessoa alguma consegue escapar
Daquilo que ela é no coração
Daquilo que ela é no coração
As palavras são filhas dos conteúdos do coração
Assim, onde há ódio no coração, o que sai da boca
É fogo destruidor, cheio de veneno e peçonha
Onde a frieza congelou o coração, o que sai da
boca é frieza
Onde a indiferença matou a compaixão
É indiferença e descaso que sai da boca
Onde o desejo de vingança matou o desejo sadio de
justiça
A boca não se contém, perde o controle, grita e se
vinga
Como quem morde, esfaqueia e esquarteja com
palavra
Onde o desprezo secou o tutano da alma
É desprezo que vaza da boca, como lama de um pântano
Onde há amargura, é de amargura que a boca fala
Não pode existir suavidade e respeito
Onde o coração está tomado pela maldade
Nem pode existir palavras de amor, fé e esperança
Onde o coração se encontra fervilhando de ódio
Somos por fora o que somos por dentro
E não podemos escapar do que está cheio o nosso
coração
Onde as trevas venceram a luz e o sal perdeu o sabor
Não tem como ser luz do mundo e sal da terra
Sei disso não de ouvir falar, mas porque já feri -
e me feri
Com olhares cheios de desdém e palavras cruéis e impensadas
Felizmente, antes que eu incendiasse o mundo todo
Com as minhas palavras indomáveis
Porque o meu coração sempre foi indomável
Deus veio em meu socorro e o Espírito Santo
Dia após dia, todo dia, doma a selvageria de
milha alma
Pacientemente, me ensinado a arte de renovar a
minha mente
Enchendo-a com a leveza, a suavidade e a altura
da mente de Cristo
Hoje, pela misericórdia de Deus, penso mais antes
de falar e de escrever
Aprendi e continuo aprendendo... E isso me alegra
o coração
Que as boas palavras, as palavras sadias, aquelas
que ao invés
De derrubar pontes, criam pontes de vida e
comunhão entre as pessoas
São as palavras que nascem do silêncio e da
reflexão sadia
E não as palavras que saem furiosas, gritadas,
impensadas
Do fundo de um coração sombrio e emocionalmente
descontrolado
Engana-se quem pensa que o diálogo resolve tudo
O que pode resolver “tudo”
É o modo como se fala
A hora que se fala
O jeito como se fala
Sim, mais do que as palavras
É o modo como a pessoa – que resolve “tudo”
Toda fala que não respeita a fala do outro
Não fala nada, não diz nada
É só barulho de quem não consegue
Se calar e ouvir - para compreender
Não fala nada, não diz nada
É só barulho de quem não consegue
Se calar e ouvir - para compreender
Não é o puro ato de falar que nos aproxima
É o respeito que demonstramos ao falar
É a esperança que despertamos
É a fé que semeamos
É o suave brilho do olhar
Em consonância direta
Com a suavidade das palavras
O silêncio de uma mão
Estendida com sinceridade
Amor, paciência e boa intenção
Aproxima mais as pessoas
Do que dez mil palavras
Gritadas em forma de desabafo
O objetivo da fala, não é semear a guerra
Mas a paz e a confiança entre os homens
Por isso, as palavras brandas
São mais efetivas e bem-vindas
Do que um confuso amontoado de gritos furiosos
E olhares indignados e descontrolados
Sim, com efeito, em qualquer tempo
O silêncio da fala e da escrita
É preferível a toda palavra tola
Que acirra velhas inimizades
E faz sangrar feridas antigas
Quem não tem disposição de coração e fé em Deus
Para passar por cima do orgulho
E estender a mão e perdoar
Pelo menos, como um favor a si mesmo
Deveria saber a hora de se calar
Por sua vez, a reflexão sadia é igualmente
Preferível a toda palavra precipitada
Que agrava pecados e doenças da alma
Sim, em qualquer situação e lugar
O silêncio reflexivo
É muito melhor do que toda palavra
Que condena, humilha, fere e ofende
Enfim, seja como for, não existe
estado de espírito
Que as palavras não denunciam
De tudo que existe no coração
Nada permanece oculto para sempre
Falar é se revelar...
Sim, falar é se
desnudar espiritualmente
Diante de quem nos escuta e nos vê
Falar é se deixar ver, por dentro
Às vezes - tantas vezes - um ato
falho da fala
Sem querer, revela e fala mais sobre
nós
Do que a premeditação de um discurso
inteiro
Para o bem e para o mal, tudo que nós
somos
A história inteira dos nossos traumas
emocionais
Está contida no modo como nós falamos
A tolice e a sabedoria de uma pessoa
Se revela – ou se esconde – no poder
de suas palavras
Quem tem ouvidos para ouvir, nos
discerne num instante
Nossa mágoa, nossa alegria e os
nossos arrependimentos
Nossa humildade e a nossa arrogância
A nossa fraqueza emocional e o nosso
vigor espiritual
Nossa raiva e a nossa necessidade de
perdão
Nossa coragem e os nossos medos
Nossa fé, nossa esperança e as nossas
dúvidas
O desprezo que damos e o desprezo que
recebemos
A nossa solidão, os nossos vazios e a
nossa necessidade de amor
Do mais profundo ao mais superficial,
do mais dramático ao mais vulgar
Os dramas, os pecados, as nossas lutas
e as nossas derrotas secretas
Aquilo que a pessoa realmente é, ou
deseja ser..., ou já foi e deixou de ser
Tudo, absolutamente tudo, que
acontece dentro de nós, sem exceção
Num momento ou noutro, de um modo ou
de outro
As nossas palavras denunciam, nos fazendo
calar precipitadamente
Envergonhados e tristes, embora, sempre
tarde demais...
Sim, falar é o mais espiritual – e denunciador
– de todos os atos humanos
_VBMello
Comentários
Postar um comentário