Seis quase poemas de fé

I

No tempo dessa breve vida
Onde tudo é tão superficial
As palavras e os encontros
Não existe nada mais profundo
Do que a pele em torno
Dos nossos olhos
Há tanta alma revelada ali
Tanta escuridão e tanta luz
É na pele em torno dos olhos
Que a gente percebe
A profundidade das nossas dores
A superfície das nossas alegrias
E as feridas das nossas batalhas de fé...

II

O futuro promete
Mas estou escaldado
Já fui enganado
Tantas vezes
Não sei
Arriscar?
Outra vez?
Outra vez não
Seguro morreu de velho
Na incerteza do amanhã
Levo o meu passado comigo...

III

Anjo, eu sei que não sou
A minha mãe sempre me disse
Nem mesmo daqueles feios
Da casta dos caídos
Eu presto para ser...
Definitivamente
Isso decepciona
Tanta gente
Não tenho vocação 
Para ser diabo

IV

Tentei viver e andar por fé
Se deu mal..., diz o diabo
Aqueles que me olham de longe
Dão risadas e apontam o dedo
Replico: não perdi nada
O meu coração é milionário
De coisas que o dinheiro
Não pode comprar
O diabo solta uma gargalhada
E diz: Esse tonto é milionário
De coisas que não faz falta a ninguém
Sigo o meu caminho           
Deixo as gargalhadas para trás
Perdi também o antigo gosto
De revidar qualquer provocação

V

Não me procurem mais no deserto
Parti numa longa viagem
O caminho é estreito
Demasiado estreito
Não tenho espada
Bagagem, documento
Dinheiro ou carteira
Tudo que tenho eu levo comigo
Algumas décadas de vida
Um par de olhos cansados
Dois sonhos, uma esperança
Duas pernas bambas
Duas mãos trêmulas
Palavras trôpegas
E um coração de aço...

VI

Toque os meus olhos, meu Deus
Estou cego... estou surdo
Dispersa essas nuvens de solidão
Deixe-me tocar o seu rosto
Quero ver o meu reflexo
Refletido no fundo dos seus olhos
Eis a minha mão... Eis o meu coração
Busco um pouco de comunhão
Firma os meus pés nesse chão
Que aí vem chegando outra escuridão
Ilumina com calma a minha alma
E eu te verei com os meus olhos
Acendam a luz... Hoje eu quero sentir a vida
Dançando na superfície da minha pele...
_VBMello

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