É necessário que vocês nasçam de novo. - João 3:7
No contexto do evangelho, ver é mais do que uma
arte. Não é, ou não é tão somente, uma educação dos sentidos. É mais do que um
exercício espiritual. É um milagre. Começa como milagre, o novo nascimento,
onde Cristo abre os nossos olhos, e segue como milagre, a santificação, quando,
pela iluminação do Espírito Santo, somos guiados no caminho estreito, onde
todas as coisas colaboram para a nossa maturidade e crescimento espiritual.
Assim, a questão da nossa visão, está centrada
unicamente em Cristo. Antes dele nos encontrar e curar, somos cegos, surdos e
mudos. Cristo é aquele que abre os nossos olhos e coloca boas novas nos nossos
lábios. Se ele não curar a nossa cegueira, permaneceremos cegos para sempre.
Além de Cristo, não existe arte – ou exercício espiritual - que seja capaz de
purificar o nosso olhar. Se Cristo não iluminar os nossos olhos, por nossa
própria conta, com todos os nossos esforço, artes, orações, jejuns e exercício
espirituais, só faremos tapar o sol com a peneira. Nossa vida começa em Cristo
e segue após ele. Permanecer nele é permanecer na luz. Não existe outro modo de
ver através da escuridão do mundo. Longe de Cristo e da luz do seu Espírito,
permanecemos cegos para sempre. Simples assim.
O mesmo acontece com os nossos sentimentos. Se
Cristo não libertar o nosso sentimento, permaneceremos insensíveis para sempre.
Se ele não disser: Haja luz. Permaneceremos eternamente presos nas trevas e no
caos das nossas emoções descontroladas.
Antes de Cristo, o nosso coração é sempre
instável. Podemos engolir os sentimentos e reprimir as tóxicas paixões da alma,
mas nunca, por nossa própria conta e esforço, alcançaremos verdadeiro
equilíbrio interior. Nosso equilíbrio interno estará sempre por um fio. Haverá
sempre um inconsciente sombrio esperando uma oportunidade para se manifestar.
Nossa santidade continuará brilhante e encantadora, até o dia que alguém mais
ousado pisar no nosso calo, aí, do nada, o velho homem surge novamente em cena,
fazendo estragos. Há um velho Logan, escondido na alma de todos nós. Uma
provocação, no máximo duas, ele logo mostra as garras. Por um esforço hercúleo,
podemos esconder as garras, podemos até nos esconder do mundo, podemos evitar
confusão, podemos escolher a solidão e a bebida, ou qualquer outra droga, mas o
velho homem continua vivendo dentro de nós, como um vulcão esperando uma
oportunidade para explodir e entrar em erupção.
Todo mundo já viu esse filme. Tudo mundo que já
colecionou recaídas emocionais, sabe muito bem que a questão das emoções
demanda muito mais do que exercícios espirituais e inteligência
emocional. Do ponto de vista do evangelho, que por mais de dois mil anos
continua se provando verdadeiro, demanda novo nascimento. No lugar do velho homem,
precisamos de um novo homem, com um novo coração e uma nova vocação
existencial; Precisamos, nas palavras de Jesus, nascer de novo.
Diante do nosso descontrole interior, Cristo não nos recomenda fuga, solidão, bebida ou leitura de Daniel Goleman ou Augusto Cury, ele diz que precisamos nascer de novo. É o único jeito de começar uma vida nova.
Pois é, meu irmão, Cristo, logo de início, dá um xeque-mate na nossa pretensão de ser alguma coisa, sem a graça dele. “Sem mim, ele diz, nada podeis fazer.”
Diante do nosso descontrole interior, Cristo não nos recomenda fuga, solidão, bebida ou leitura de Daniel Goleman ou Augusto Cury, ele diz que precisamos nascer de novo. É o único jeito de começar uma vida nova.
Pois é, meu irmão, Cristo, logo de início, dá um xeque-mate na nossa pretensão de ser alguma coisa, sem a graça dele. “Sem mim, ele diz, nada podeis fazer.”
Podemos até tentar viver uma vida linda, bela e
equilibrada, mas não podemos conseguir isso sem a ajuda de Cristo. Conheço um
monte de gente que tentou, tentou; fracassou, fracassou, até que desistiu de
uma vez, e agora fica fazendo aquele discurso clássico, que soa como um
epitáfio sobre a sua sepultura: “Eu sou assim, nasci assim. Sempre fui assim. É
o meu jeito de ser, meu carma, meu destino. Herdei esse meu jeito, dos meus
pais”.
Pois é, meu querido irmão, é desse jeito,
simples assim. A educação dos nossos sentidos não é (só) uma questão de
exercício emocional. É uma questão de renascimento espiritual, coisa impossível
fora de Cristo. Ponto final. Entendeu?
Cristo é aquele único que liberta o nosso
coração, purifica o nosso olhar e unifica o nosso ser inteiro, numa totalidade
livre de contradições e lutas internas entre o nosso olhar e o nosso sentir, e
elimina a contenda entre o nosso pensar e o nosso falar. E ele faz isso, não
mediante o nosso esforço, mas exclusivamente pela maravilhosa graça do seu
Espírito Santo, que está sempre em nós, sustentando, consolando, iluminando
guiando e fluindo do nosso interior, como uma torrente de água viva e
purificadora.
Para o cristão, se verdadeiro, todo olhar só é
legitimo e criativo, na medida em que é iluminado pelo olhar de Cristo. Para
quem chama a si mesmo de cristão, olhar a vida a partir de qualquer outra
direção, autoajuda, ou cobiça, pelo motivo que for, é pecado. É só olhar ao
redor para ver que essa pretensa espiritualidade
nascida da força do próprio braço, forjada a poder de academias, comida
natural, meditação, yôga, etc, só vai até a página dois, e se passar da página
dois, raramente passa, só serve para criar mais um arrogante pretensamente
espiritual, do tipo "mamãe, eu quero ser forte" e que fica se
vangloriando o tempo todo, dizendo: eu fiz, eu consegui, eu posso.
Não é assim com o cristão. No contexto do
evangelho, exercícios físicos, comida natural, ou o que for, não favorecem em
nada a nossa espiritualidade. A pessoa pode ter um corpo sarado e ainda assim,
ter uma alma completamente pobre de valores espirituais. A espiritualidade do cristão, não vem de
comidas ou jejuns, academias ou corridas, vem de Cristo. Só mais uma palavra:
Nada contra academias ou comidas naturais, eu adoro. Mas essas coisas não vão
além dos nossos músculos, não chega até as profundezas do nosso espírito. Mudam
a nossa aparência, mas não mudam o nosso coração. Viramos pecadores fortes e
bonitos, só isso. Imaginar que essas coisas nos transformam em pessoas
espirituais, é uma grande ilusão. Se fosse assim, eu seria o homem mais
espiritual do mundo. Por mais de vinte anos, fui vegetariano. Nada de café,
nada de carne, nada de refrigerante, corria, nadava e lutava sem parar. Saindo
de Vila Velha, no Espírito Santo, viajei dois mil e quinhentos quilômetros pelo
sul da Bahia e nordeste, tudo sozinho e de bicicleta, pratiquei um monte de
lutas marciais. Comecei na pesca submarina aos 13 anos, fiz grandes amigos e
achava-me razoavelmente espiritual, um cara legal, até que a ficha caiu. Por
dento, eu era um caos só. Corpo forte, disposto e livre de colesterol, mas por
dentro, na alma... deixa pra lá, melhor não falar dessa parte...
Voltando ao assunto. Na vida, não temos outra
hermenêutica. Cristo é a hermenêutica do nosso olhar, do nosso falar, do nosso
pensar, do nosso sonhar e da nossa vida inteira, a fonte única da nossa
espiritualidade. Diante dele, olhamos o mundo e pensamos a vida, através do seu
Evangelho, e isso liberta o nosso coração e abre os nossos olhos.
Com efeito, nele vivemos, nos movemos,
respiramos e existimos. Fora dele, apartados da sua maravilhosa graça, somos
cegos, surdos e mudos. Definitivamente, não há espaço no nosso coração, para
outro tipo de salvação ou espiritualidade. Para sermos alguma coisa, precisamos
deixar Cristo ser tudo em nós.
Com efeito, para um cristão verdadeiro, olhar o mundo por conta própria, sem
olhar para Cristo, é o pior dos pecados, ou, se preferir, a maior das tolices.
É olhar sem ver. É olhar pequeno demais.
É isso, meu irmão, precisamos
compreender que espiritualidade e novo nascimento, são coisas diferentes. Há
muitas escolas e mestres de espiritualidade, e, de certa forma, com um pouco de
dedicação, qualquer um pode ser espiritual. Mas nascer de novo... Bem, isso não
depende de escolas ou mestres de espiritualidade, não depende de ascese ou
educação dos sentidos, comidas ou bebidas. Depende de um gesto muito mais
simples: Entregar a nossa vida inteira nas mãos de Cristo. Simples assim.
_VBMello
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