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Momento de adoração

Escrever é um momento de libertação Escrever é adorar, sempre adorar É a adoração que dá sentido à minha escrita Quando escrevo, o meu espírito se eleva E a minha alma canta e adora No choro e na alegria, ela adora Impregnadas com ânsias de respiração As palavras nascem do silêncio Balsamos para as dores Conteúdos para os vazios da alma Desejadas e espontâneas Mas sempre imprevisíveis Como quem escava a terra em busca De riquezas e tesouros Eu as coleto no fundo da alma Mas não as crio Só as colho São bênçãos Se pudesse criar Escreveria sem parar Elas são maiores do que eu Não são minhas Estão em mim E me transformam Cada palavra é uma dádiva Um presente de Deus Um dom que me transpassa Me consola, me possui e me explica São dádivas que falam do meu cotidiano Mas sempre me remetem Direto para a eternidade Falam da duração do meu dia Da duração da minha vida Da morte e da eternidade Falam sempre de ...

Pelas suas pisaduras fomos sarados. - Isaías 53:5

O pecado habita o nosso ser inteiro. O nosso coração, a nossa alma e os nossos pensamentos. Nada escapa da influência negativa dele. As nossas palavras, os nossos gestos, os nossos sonhos, os nossos olhares, e até a nossa aparência e o nosso modo de ser, viver e conviver, tudo mostra sinais da influência dele. Sabemos que ninguém acredita, mas gostamos de dizer que somos bons, e dizemos isso de muitas maneiras. Adoramos causar uma boa impressão. Gostamos quando falam bem da gente. A nossa vaidade precisa disso. Entretanto, em pouco tempo, as nossas palavras e nossas obras, testemunham contra a nossa suposta bondade. Somos maus, uns mais, outros menos, mas ainda assim, somos maus. E isso fica claro quando alguém pisa no nosso calo. Sabemos e não nos iludimos, a nossa mesquinharia aparece por qualquer motivo. Nossa aparência de bondade é uma mentira que inutilmente nos esforçamos para esconder. Os atos da nossa espécie testemunham contra nós. Nossa espécie é uma espécie violenta...

É necessário que vocês nasçam de novo. - João 3:7

No contexto do evangelho, ver é mais do que uma arte. Não é, ou não é tão somente, uma educação dos sentidos. É mais do que um exercício espiritual. É um milagre. Começa como milagre, o novo nascimento, onde Cristo abre os nossos olhos, e segue como milagre, a santificação, quando, pela iluminação do Espírito Santo, somos guiados no caminho estreito, onde todas as coisas colaboram para a nossa maturidade e crescimento espiritual. Assim, a questão da nossa visão, está centrada unicamente em Cristo. Antes dele nos encontrar e curar, somos cegos, surdos e mudos. Cristo é aquele que abre os nossos olhos e coloca boas novas nos nossos lábios. Se ele não curar a nossa cegueira, permaneceremos cegos para sempre. Além de Cristo, não existe arte – ou exercício espiritual - que seja capaz de purificar o nosso olhar. Se Cristo não iluminar os nossos olhos, por nossa própria conta, com todos os nossos esforço, artes, orações, jejuns e exercício espirituais, só faremos tapar o sol com a p...

A paixão do olhar

A paixão do olhar - Um título improvisado para um texto inacabado. - - - A arte de ver anda de mãos das com a arte de sentir. Na paixão, por exemplo, sentimos o que vemos e ansiamos ver o que sentimos. O olhar apaixonado, pede proximidade e compromisso. Animado por sentimentos de proximidade, um coração sempre pulsa na direção de outro coração, e isso é assim, desde o começo do mundo. Assim como o espírito do poeta deseja se transmutar em belas palavras, virar rima, ser verbo, transformar-se em verso e finalmente decompor-se em poema, arte, música e poesia. O olhar apaixonado anseia ser toque, proximidade, encontro e abraço apertado. Sim, o olhar - que agrada o coração - pede corpo e quer ser pele. Quer ser chamado de amor. Quer, com a leveza dos que se amam, encorpar-se em outro corpo, possuir, entregar-se, viver, morrer e se realizar eternamente na vida do outro.  Assim, acredito, a arte de ver precede a arte de amar. E a morte do amor segue a morte da pureza...

Fragmentos

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Insensibilidade

Ali estava Jó, moído, quebrado Amargando o inesperado luto De todos os seus filhos e filhas Despedaçado espiritualmente Falido financeiramente Cheio de contas para pagar E sem um tostão no bolso Não bastasse isso, a sua saúde Tinha piorado e a doença tomou Conta do seu corpo inteiro Deixando-o em carne viva Cheio de dores, coceiras e  pruridos Abandonado pelos parentes Esquecido pelos amigos E tripudiado por antigos invejosos O sono lhe faltava e as dúvidas sobravam Todavia, miséria pouca é bobagem Vindo lá de onde Judas perdeu as botas Eis que surge diante dele, os seus autointitulados Melhores – e mais sábios e mais santos – amigos A visão da decadência de Jó Por um brevíssimo momento Tirou a fala deles. Ficaram sem palavras Diante de tanta dor, engoliram as palavras Mas por pouco tempo, por pouco tempo Eram religiosos demais para conterem As suas sábias e bem-aventuradas palavras Inquisidores natos, n ota...