Não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais!












Uma onda de maldade e insegurança assombra e varre a terra. Os rumores de guerra, surdos aos rogos de paz, não cessam. Antigas profecias, que anunciam o fim dos tempos, buscam vazão através do coração insensato dos homens. As palavras são usadas como armas de guerra, e as obras dos homens, mais destroem do que constroem. Os homens só pensam em si. Um violento inverno da alma se aproxima e invade o coração de todos os homens. Por toda parte, esfria o amor e agoniza a fé. Ferida está a esperança. Escura é a noite que vem e salta sobre os homens, para os devorar... O mundo dos homens agoniza, como está escrito a seu respeito.



Sim, os dias são maus, demasiadamente maus. E não somente aqui, não somente em outros lugares, mas em todos os lugares. Vivemos uma globalização da maldade. Em alguns lugares, é verdade, a maldade se manifesta de modo discreto, gerando “apenas” um desconforto nas pessoas, que se afastam de nós e nos ignoram. Às vezes fica-se mesmo com a sensação de que não existe perseguição, mas isso é uma ilusão. O mundo odeia os filhos de Deus (1 João 3:13), e sempre os persegue. De um modo ou de outro, uma hora ou outra, veladamente ou publicamente, sempre persegue. Algumas vezes como um cão intimidado, rosnando de longe, outras vezes como um cão danado, avançando e mordendo. Seja como for, não importa, o inimigo da nossa alma nunca anda muito longe, mas está sempre rondando ao derredor, espreitando uma oportunidade para matar, roubar e destruir. Em outros lugares, a violência é realmente violenta. Ameaça, prende, tortura e mata.



Em muitas partes do mundo, a igreja chora. Todavia, bem-aventurados os que choram, porque eles serão consolados. Seja qual for a forma de perseguição, Deus não deixa o sofrimento dos seus filhos sem consolação. Temos a promessa de uma paz que excede todo entendimento humano, e devemos orar por essa paz. Temos um Consolador, assim mesmo, com “C” maiúsculo. E ele não apenas nos consola, ele também nos inspira uma profunda alegria nos dias maus. Uma alegria do céu que é força e vigor para a nossa alma. Uma alegria dinâmica que é pura e suave presença de Deus. Luz que brilha nas trevas, salvação que passeia entre os irmãos e fortalece uns aos outros na fé em Cristo Jesus. A alegria simples de uma consciência livre que vive sem cessar na presença de Cristo. A alegria que só habita a alma daqueles que sabem que sofrem por uma causa justa e nobre, a causa de Jesus Cristo.



Dizem que as crises carregam oportunidades escondidas, e isso é verdade. No caso daqueles que temem o Senhor, as crises são oportunidades de crescimento espiritual genuíno. No fogo, a nossa fé é purificada. Na perseguição, a nossa esperança mostra-se real, superior à transitoriedade das perseguições, pois, como bem sabemos, não existe escuridão que dure para sempre. No fim, quando tudo parece perdido, a luz de Cristo sempre prevalece contra o avanço das trevas. O Senhor nos abençoa e nos guarda. O Senhor faz resplandecer o nosso rosto. O Senhor tem misericórdia de nós. O Senhor nos dá a sua paz. As portas do inferno não prevalecerão jamais contra as portas da igreja, pela simples razão de que a Igreja é o corpo de Cristo, edificada e guarda pelo próprio Cristo.



Finalmente, em dias de severa provação, a alma pede calma e prudência, e toda precipitação deve ser posta de lado. Tudo deve ser subordinado ao movimento suave de uma paciência boa, sensata e verdadeira, de modo que as tribulações que se abatem sobre a nossa vida, para o nosso bem, pois todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, possam nos ensinar a esperar o tempo certo da ação de Deus.



Precisamos aprender a deixar Deus agir. A nossa única intromissão nos negócios de Deus, se podemos dizer assim, deve ser a oração. O que não falamos a Deus em oração, falamos ao vento. Em dias de perseguição oramos por paz. Muito pode uma pessoa que vive submersa na paz de Deus. Sim, com efeito, a primeira necessidade da nossa alma é estar em paz com Deus. Sem essa paz nós nada podemos fazer. Onde não há paz a vida se perde em labirintos de ansiedade e morre perambulando em desertos de angústia e precipitação, de modo que, na alma ansiosa, nada, sonho, projeto ou esperança, por causa do caos que nela habita, e a impede de entrar em Canaã, jamais encontra chão fértil para florescer e frutificar com confiança.



Aquele que não conhece a paz de Deus, não precisa de inimigos. Ele mesmo, com a sua ansiedade e precipitação, coloca tudo a perder. A primeira vitória contra o inimigo é viver com a consciência tranquila e o coração em paz. Evitar todo tipo de precipitação, nisso existe grande sabedoria. Em dias de perseguição, a primeira coisa a fazer, não é agir. É orar. Orar e aguardar pela proteção de Deus, e ela sempre vem. De um modo ou de outro, ela sempre vem e nos surpreende. Porque Deus é bom, e a sua misericórdia dura para sempre.



Acima de tudo, em dias de tribulação e rumores, sem demora, devemos pedir sabedoria a Deus. Tomar a Palavra de Deus como guia para sair do deserto, é a maior de todas as sabedorias que um homem pode ter. Um homem tolo é sempre um problema, mas em dias de tribulação, um tolo é um problema dobrado. Por fim, não podemos nos esquecer de que a nossa luta contra a maldade do mundo não se realiza por meio de confrontos de força contra a carne ou contra o sangue, mas acontece, sem cessar, com sabedoria e fé, nas regiões celestiais, que é onde obtermos a nossa vitória contra as hostes malignas, que estão escondidas atrás de todas as perseguições que sofremos.



Finalmente, é preciso manter fresco na mente as boas e animadoras palavras de Jesus, quando ele falou aos discípulos sentados aos seus pés, no dia do Sermão do Monte: “Bem-aventurados sois vós, quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vós por minha causa. Exultai e alegrai-vos, porque é grande o vosso galardão nos céus; porque assim perseguiram os profetas que foram antes de vós. Vocês são o sal da terra... Em outro lugar, ele disse: “Portanto, não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais! Quem, pois, me confessar diante dos homens, eu também o confessarei diante do meu Pai que está nos céus. Mas aquele que me negar diante dos homens, eu também o negarei diante do meu Pai que está nos céus”.


Que assim seja, em amor e em toda e qualquer situação, vivendo em paz ou sob perseguição, pobres ou cheios de fartura, sem palavras vãs, mas com o poder do Espírito de Deus, confessemos - sem cessar e sem temor - o nome e a divindade de Jesus Cristo, Senhor e Salvador, diante da face de todos os homens, quer sejam amigos, quer sejam inimigos. É isso.
_VBMello
 

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